O que me percorreu quando li Felizes por enquanto
Felizes por enquanto: escritos sobre outros mundos possíveis, um livro de Geni Núñez – ativista indígena, psicóloga e escritora, foi o quinto livro escolhido do nosso clube do livro, referente ao Estado de Mato Grosso do Sul.
Um livro que demorou um pouco a chegar, no sentido metafórico, levei comigo nas férias para ler e não li, voltei de viagem e ainda resisti para ler, fui protelando porque ainda tinha tempo, a data do encontro havia sido remarcada, até que, na semana do encontro percebi que não podia adiar mais.
Estamos no mês de férias escolares, para as mães o mês de julho é conturbado, me deixei um pouco para depois nesses dias, não li o livro como gostaria de ter lido. E me culpo, lamento, quase sempre é assim, desejamos a linearidade, Impecável porque aprendemos, em algum momento da vida, que para chegar do ponto A até o B a forma mais rápida é em linha reta. Pensamos só no início e no fim, na partida e chegada, na escolha certa da profissão e no emprego glorioso, encontrar alguém casar e ser feliz para sempre.
O título do livro já traz muita reflexão, como assim Felizes por enquanto? Parece que é um agouro a vida (matrimonial) porque devemos (uma obrigação, algo nos foi imposto) desejar a felicidade para sempre e ao mesmo tempo é uma carga tão grande, não conseguimos ser felizes o tempo todo, mas se todos desejam e falam, como que eu não vou ser feliz para sempre? Como se fosse fácil, fácil porque conhecemos, na maioria das vezes, o superficial das pessoas, as aparências e nas aparências tudo é lindo maravilhoso.
Entre o número 1 e o número 2 existem muitos outros números (me lembro disso no filme A culpa é das estrelas, fico pensando nos infinitos números 0,1-0,2...- 0,01-0,02...). Então, fui lendo no compasso que me permitia, entre o preparo do feijão e a explosão de brigas entre irmãos, deixei que algumas palavras me atravessassem porque Antes emocionada que anestesiada, vivo.
No livro, os poemas, os textos “inclassificáveis” transitam por esses espaços em que a vida acontece, uma outra forma de ver o mundo, permitindo revelar nuances da vida e nos separar do que foi imposto como convencional. Em algum momento, enquanto lia o livro, escrevi:
Do fim da separação
Do presente impermanente
Da alegria do que foi, do que é
E nem tanto do que vai ser
Felizes por enquanto também remete ao presente, em estar presente e ser feliz enquanto dure e valorizar o que se viveu, O que se cumpriu, mas não se prometeu.
Assim, garçom mais um vinho, por favor! Para celebrar mais um encontro do clube do livro cheio de trocas e compartilhamento de palavras e sentimentos que percorrem o corpo no prazer de viver e de sentir o amor de amigas.
Exatamente isso!!👏
ResponderExcluirMaravilha Yumie l! Tão bom aprender com os povos originários, com uma mulher indígena, jovem, que a vida pode e merece ser re-vista com outros olhares, não dá pra re-viver mas ampliar o que virá sim. E com amigas e vinhos, o caminho é mais iluminado! Mavy.
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