Um artista no mundo flutuante
Livro de Kasuo Ishiguro, publicado pela companhia das letras em 2018 com tradução de José Rubens Siqueira. Durante a leitura a sensação de estar no meio de japoneses com seus gestos e sotaques na forma de falar e expressar.
“Se, num dia de sol, você subir o caminho íngreme que sai da pequena ponte de madeira que por aqui ainda chamam de ponta de hesitação, não terá que andar muito para avistar o telhado da minha casa entre os topos de duas árvores gingko”
A leitura começa com esse trecho, a ponte chamada de hesitação envolve sutilmente toda a leitura, a narrativa se passa num Japão pós-guerra entre os anos de 1948 e 1950.
A sutileza e a subjetividade da escrita se contrapõem a um Japão aterrorizado, devastado e envergonhado no terror do pós-guerra. Tenho que parar em alguns momentos a leitura para revisitar a história (da segunda guerra mundial) e à medida que vou entendo a sutileza da escrita e das falas de um narrador não confiável, que repensa os valores sobre os quais construiu sua vida, vou percebendo o sofrimento, angustias e os possíveis erros dele do passado. Me despertou sentimentos complexos e conflitantes: Como sobreviver as incertezas da guerra? Como sobreviver as transformações sociais? Como sobreviver as lembranças do passado? A arte pode ser usada para o bem ou pro mal?
Yumie Okuyama
Escrito em 21/03/2024, livro que ganhei de presente de aniversário de amigos queridos, leitura imperdível de muita sensibilidade e sutileza.
Comentários
Postar um comentário