Uma casa à beira mar

 

 

À primeira vista era amarela de frente para coqueiros, uma extensa faixa de areia com a maré baixa era tomada de moradores, trabalhadores e crianças no final da tarde para jogar a tradicional (e cada vez menos frequente) “pelada”. Que sonho morar de frente pro mar, só nos e os cachorros. Havia um morro para subir e trilhar, ondas para surfar, areia para caminhar, o sol nascia ali próximo do morro, iluminava ainda mais a areia branca e fina que contrastava com a cor verdejante do mar. Eis que um gato surge para contrastar com a alegria e a agitação dos cães, pra exigir atenção na quietude e leveza de seus passos. Um dia, vai pro mar e volta com um peixe na boca e apresenta toda sua autenticidade e destreza.

A segunda vista o amarelo sem cor, tomada pelo sol, casa sem forro por onde a maresia adentrava sem esforço. Os moradores, todos trabalhadores, vêm de longe para habitar seus uniformes suados, esforçados e manchados de obra contrastam com a obra da natureza, o natural fica tudo igual no antropocentrismo.

 

Yumie Okuyama


Desafio 90/90 – escrever um conto, um poema, uma página por dia. 

81/90 – Pensando em escrever histórias à beira mar

27/08/2024

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