João e Maria
Maria e João, irmãos
Maria quatro anos mais velha que João
Ela era a heroína, e ele a admirava
O tempo em que nasceram,
Ele brincava de carrinho
Ela cuidava das bonecas
Papai não ficava em casa
Mamãe cuidava da casa
Ela era a heroína, e ele a admirava
Sua pele escura, seu cabelo liso
Ela queria correr
Ele queria chorar
Ela chorava por não correr
Ele corria para não verem chorar
Ela era a heroína até tudo desmoronar
A estrutura familiar faltar
Sangue e ferro, ferragens
Ele se esconde nas engrenagens
Ela grita nas ruas da cidade
Não teve migalhas, se perderam
Ela deixou de ser a heroína
E passou a ser trovão
Ele deixou de ser o irmão
E passou a ser vilão
Não teve migalhas, foi no fio da navalha
Perdidos, eles ainda se encantam
Com a iluminação
Talvez, traga salvação
Ou apenas acalma o coração
Eis que valha a reparação
para trazer de novo a admiração.
Yumie Okuyama
Desafio 90/90 – escrever um conto, um poema, uma página por dia.
16/90 – Reflexões sobre irmandade, irmãos que viveram um perda familiar e pensando muito na música de Chico Buarque: João e Maria
14.06.2024
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