Espírito Olímpico por quanto tempo perdura?
Quinta-feira, 15 de agosto de 2024. Segunda semana de retorno as aulas. Primeira semana do término das olimpíadas. Dirijo pelo belo trajeto que costeia um trecho do litoral sul de Pernambuco, a cobiçada praia do Paiva. Recentemente, tivemos até a visita do Neymar por aqui. Enfim, tenho o privilégio, e o gasto com o pedágio, de fazer esse trajeto que acaba virando um momento de contemplação meu e das crianças pois sempre aproveitamos o ar fresco da manhã para ir com os vidros abertos sentindo o vento. A paisagem contrasta com rap do Luffy e o rap do Zoro que meus filhos, incansavelmente, me pedem para ouvir no caminho para a escola. E entre a contemplação e a batida do rap vejo uma cena de dois ciclistas pedalando lado a lado, um na ciclovia de bicicleta e o outro na área onde as pessoas caminham, uma leve curva e, talvez a presença na conversa não permitiu que o ciclista avistasse o homem que fazia a sua corrida. Outra batida, não mais a do rap, entre o ciclista e o homem que, aparentemente, se aventurava no universo da corrida. Enquanto eu reduzia o carro para passar pelas câmeras de controle de velocidade, pude ver o ciclista caído no chão, ele freou e para evitar que atropelasse o homem virou o guidão da bicicleta bruscamente e acabou se desequilibrando e caindo. O homem, olhou para trás, não muito distante menos de dois metros e, balançou a cabeça voltando a olhar para frente e continuou na sua corrida fuleira. Fiquei abismada de tamanha soberba de uma pessoa que não é capaz de prestar ajuda para alguém que caiu para evitar um acidente. O ciclista não estava no local certo para pedalar, mas gente onde esta o bom senso que não vi, se perdeu na batida foi atrás do “one piece”? As olimpíadas recém terminaram, cadê o espírito olímpico? Adversárias carregam umas as outras no momento de dor, vimos solidariedade, até os Estados Unidos se curvaram para Rebeca Andrade no pódio. Olhei pelo retrovisor e o ciclista continuava com o braço levantado meio que tentando uma aproximação, uma reparação ele não queria uma discussão e o homem continuava com a sua vagarosa corrida balançando a cabeça, cheio da razão, suas costas se afastando. O amigo, o outro ciclista que estava junto também olhava incrédulo o gesto do homem. E eu segui com a batida do rap e falta de espírito desse homem, desejando que a corrida fortaleça sua dignidade.
Yumie Okuyama
Desafio 90/90 – escrever um conto, um poema, uma página por dia.
75/90 – Crônica pós olímpiadas.
15/08/2024
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