Os meus caminhos
“Santa Clara
Clareooou,
E aqui
Quando chegar vai
Clareaaar ...”
Acordei cantando essa música, linda, gostosa de ouvir e dançar, do ilustre Jorge Ben Jor ou só Jorge Ben, do disco Bem-vinda Amizade, confesso que escuto mais o álbum Tábua de Esmeralda. Acordei cedo pensando nos caminhos que tomamos, nas mudanças de curso e no término do curso que estou fazendo, terminará daqui três meses, um curso de escrita, o curso de escrita.
Fui pra cozinha fazer um café e peguei o filtro e adivinha o nome que estava na embalagem: Santa Clara. Não hesitei e conectei no bluetooth e coloquei a música para ouvir e acabei dançando, a música tomou conta da cozinha, como mágica foi tomando conta dos meus filhos que foram acordando, levantando, caminhando até a sala e dançando comigo nesse embalo gostoso da manhã.
Fui levar as crianças para escola e depois tomar um café com uma amiga, na qual temos um vínculo de amizade de décadas e pela sorte dos nossos caminhos, nos quais estes, nos fizeram nos mudar e morar na mesma cidade. E agora cultivamos o hábito de se ver e de tomar um café de mês em mês para falarmos da vida ou melhor dos rumos das nossas amizades, das ruas sem saídas que nos metemos na criação dos filhos e dos sentidos dos nossos relacionamentos e, claro, na nossa vida profissional.
Dos caminhos que tomei, do curso que me graduei e depois pós-graduei e agora me distancio, dos caminhos que não tem mais volta. Me lembro das corridas de aventura que fazia no início dos anos 2000, uma febre para os amantes de aventura. Correr no meio do mato com mapas, bússolas e as coordenadas, não era permitido o uso de GPS, Iphone ninguém tinha. Precisava mesmo era navegar de verdade, nos perdíamos nem sempre escolhíamos o melhor caminho, precisávamos avaliar a relação entre distância e curva de nível, conhecer a equipe se é melhor em caminhos mais íngremes, porém mais curtos ou em caminhos mais planos, porém mais longos.
E as decisões eram, muitas vezes, em meio a lama, com barriga roncando de fome e cansados e quando estávamos esgotados conseguíamos ver o que a condição física nos impede de ver por que corremos rápido demais e apreciamos de menos.
E nessas de “navegar de verdade”, pelo menos eu acreditava, no auge dos meus vinte e poucos anos, que estava navegando de verdade na corrida de aventura, ficava feliz de terminar a prova, independente de pódio. Também, sabia que poderia parar e, simplesmente, sentar no cordão da calçada, esperar a organização da prova nos resgatar. Só ficaria constrangedor falar para os amigos que desistimos era mais fácil quando um dos integrantes da equipe quebrava aí erámos tomados por uma compaixão súbita de cuidado com o outro e parávamos para não forçar o companheiro. Parar também é um caminho e sempre acontece isso quando vamos mudar de direção, não conseguimos fazer uma conversão em alta velocidade. E se a conversão é para esquerda ou direita, não sabemos, pois, nem sempre os caminhos estão marcados.
Caminhos da escrita em que escolhi desbravar e ainda estou percorrendo, estou me surpreendendo com as paisagens, bifurcações e está longe de chegar ao fim.
Yumie Okuyama
Desafio 90/90 – escrever um conto, um poema, uma página por dia.
19/90 – Efeito das páginas matinais do livro caminho do artista.
20.06.2024 editado em 21/06/2024
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