A verdadeira Mercedez
Nas minhas férias em Venice Beach, Califórnia. Fui surfar em Abbot Kinney onde tem um pico de surf ao lado do Píer e Camila, minha amiga acabou me levando para um sarau de leituras de poesias. Ela disse: Mercedez, você vai amar ouvir as poesias e todo o evento é muito charmoso e pulsante!
Eu nos meus 28 anos ansiando por viver coisas novas disse: Let’s go!
Nos arrumamos e partimos, o lugar ficava na parte mais boêmia da cidade, não era muito a parte que eu estava procurando, mas com certeza vale a pena conhecer. Chegando lá um rapaz estava declamando sua poesia: “um sorriso para lembrar”
“(...) minha mãe, pobre peixe,
querendo ser feliz, apanhando duas ou três vezes por
semana, dizendo-me para ser feliz: ‘Henry, sorria!
por que você nunca sorri? (...)”
Quanta força tem um poema, não sabia dizer ao certo, mas mexeu comigo. Aquela poesia me disse alguma coisa que não sei explicar.
Acabei que me apaixonei por poesias. Conheci esse rapaz Henry, charmoso com ar de intelectual e muito silencioso, acho que, inicialmente isso que me atraiu. Contudo, me observava o tempo todo, não interagia, faltava espontaneidade, autenticidade. Não sorria. Eu acabei falando muitas coisas sobre a vida, sobre o estilo de vida que decide seguir, sobre viver e amar!
Acabamos indo lá para a casa, aluguei um apartamento para passar minhas férias e fomos com uns amigos e amigas, ele insistiu em tocar piano e não deixou mais ninguém tocar. Peguei o bongo – hora ou outra – para animar! Ele tocava e bebia, parava de tocar para pegar vinho e fazia questão de passar as mãos nas minhas pernas toda a vez que iria pegar mais vinho e dizia que tinha sido sem querer. Na terceira vez me levantei e fui conversar com uma amiga – amiga, esse poeta fica passando as mãos na minha perna, está me deixando desconfortável, disse para Camila. Todos acabaram bebendo e dormindo pela sala. Ele bebeu tanto e fumou tanto que eu enjoei só de ver. Não estava mais acostumada com essas bebedeiras, pessoas pela casa. Todavia, hoje não consigo mais. Gosto de beber um vinho o suficiente para dar boas risadas e ir para a cama para aproveitar a manhã do dia seguinte.
Ele ainda tentou me convencer de ir para casa dele fumar maconha, mas algo me dizia para não ir e não fui. Na hora de ir embora, ele passava as mãos pelas minhas costas de um jeito estranho, novamente desconfortável, detesto esses caras que ficam rindo e passando as mãos como se estivessem conferindo a qualidade do produto. Eu olhei bem para a cara dele e disse: Pare com isso, não gosto que fiquem me bolinando, antes foi na minha perna e agora nas minhas costas.
Está maluca! Ele respondeu de forma irônica (mostrando sua verdadeira face).
Não, não estou, estou apenas te falando que não gostei. Ai, ficou bravinha! Ele disse ironizando com um sorriso forçado.
Esses homens que não sabem sorrir.
Yumie Okuyama (escrito em 12/12/23)
Treino de escrita 11: Como combater o machismo na esfera literária?
Respondendo aos machistas
Reescreva o texto de Bukowski ou algum outro texto machista, sob um viés feminista.
Trecho de “Mulheres”, de Charles Bukowski, L&PM, 2011 (1978)
O telefone tocou naquela noite. Era Mercedes. Tinha conhecido ela numa leitura de poesia em Venice Beach. Ela tinha uns 28 anos, corpo interessante, ótimas pernas. Loira, de um metro e sessenta e poucos, olhos azuis. O cabelo era longo e ligeiramente ondulado. Fumava o tempo todo. Sua conversa era chata, seu sorriso estridente e falso quase sempre.
Tinha ido para a casa dela depois da leitura. Ela morava em frente ao deque, num apartamento. Toquei piano, ela bongô. Apresentou um garrafão de Montanha Vermelha. E uns cigarros. Fiquei muito bêbado para ir embora. Dormi lá, me mandei de manhã.
- Olha – disse Mercedes -, eu trabalho perto da sua casa agora. Quem sabe eu poderia dar uma passada aí pra ver você.
- Tudo bem. Desliguei. [...]
Quinze minutos depois Mercedes apareceu. Vestia minissaia bem curta, sandálias e uma blusa barriga de fora. E brinquinhos azuis. - Quer maconha? – perguntou.
- Claro! – respondi.
Ela tirou o fumo e as sedas da bolsa e começou a enrolar uns baseados. Abri uma cerveja e ficamos no sofá, fumando e bebendo. Não falamos muito. Fiquei bolinando as pernas dela. Bebemos e fumamos por um bom tempo.
Por fim, tiramos a roupa e fomos para cama. Primeiro Mercedes, depois eu. Nos beijamos. [...]
Noite abafada, os dois suando muito. Mercedes estava doida de cerveja e maconha.
Resolvi que o final seria esplendoroso, ia mostrar-lhe umas coisinhas. [...]
Mais cinco minutos. Mais dez. [...] Comecei a fraquejar. [...]
Mercedes não gostou:
- Continua! – pediu. – Ah, continua, baby!
Não deu mesmo. Rolei pro lado.
O calor estava insuportável. Enxuguei o suor com o lençol. Podia ouvir meu coração bombando.
Soava triste. No que Mercedes estava pensando?
A vida me fugiu, meu pau murchava.
Mercedes virou seu rosto para mim. Beijei-a. Beijar é mais íntimo que trepar. Por isso eu odiava saber que as minhas mulheres andavam beijando outros homens. Preferia que só trepassem com eles.
Continuei beijando Mercedes. E já que beijar era tão importante para mim, tesei de novo. [...]
Agora eu sabia que ia dar certo. O milagre seria refeito.
Ia gozar na boceta daquela cadela. Ia inundá-la com meu sumo e nada que ela fizesse poderia me deter. Era minha. Eu era um exército conquistador, um estuprador, o senhor dela. Eu era a morte. [...]
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